Desenvolvimento da Personalidade – o Paradigma Psicanalítico

Desenvolvimento da Personalidade – O Paradigma Psicanalítico

Existem cinco abordagens teóricas principais para a compreensão do desenvolvimento humano e da personalidade: biológica, comportamental, psicanalítica, fenomenológica e cognitiva. O objetivo dessas postagens é identificar e explicar amplamente cada teoria nos termos dos contribuidores principais e avaliá-los biblicamente e teologicamente. Essas avaliações levam a uma compreensão integrada da natureza humana que tem implicações para a liderança e a educação cristã.

O Paradigma Psicanalítico

A premissa básica da abordagem psicanalítica é que a personalidade humana expressa no presente é o resultado de motivos inconscientes formados por experiências da infância. Esses eventos e seus efeitos inconscientes são os mais críticos na determinação da personalidade e do comportamento de uma pessoa. Motivos conscientes também desempenham um papel. A personalidade de uma pessoa se desenvolve ao longo do tempo à medida que pessoas chave na vida de uma pessoa interagem com as necessidades inatas da pessoa. Este desenvolvimento é semelhante a um estágio, com cada estágio centrado em uma necessidade ou tarefa específica. As características específicas de personalidade que uma pessoa desenvolve são o resultado de vários graus de sucesso que uma pessoa tem ao trabalhar com essas necessidades e tarefas (Shields e Bredfeldt 2001).

Sigmund Freud e Erik Erikson são os principais contribuintes para este paradigma. Freud teorizou que três sistemas trabalham juntos para formar a personalidade de uma pessoa. O sistema dinâmico (instintos e impulsos) motiva o comportamento. Ele acreditava que as necessidades básicas de comida, água, conforto, sono, prazer e sexo eram a fonte final de todo comportamento, tudo proveniente do sistema dinâmico.

O sistema estrutural equilibra a dinâmica. As estruturas mentais do id, ego e superego constituem esse sistema. A estrutura do id, de acordo com Freud, é um impulso de prazer poderoso, mas não aproveitado. O ego é a estrutura racional e consciente. É lógico e funciona para controlar o id para que suas necessidades sejam atendidas de maneira aceitável. O superego é a estrutura da personalidade baseada em valores. É a consciência humana que fornece à pessoa valores e ideais mais elevados.

O sistema sequencial, diz Freud, é uma série de estágios por meio dos quais todo esse desenvolvimento ocorre. Freud acreditava que o grau de sucesso ao negociar cada estágio determinava a personalidade e que a sexualidade desempenhava o papel principal na motivação do comportamento. A fase oral começa no nascimento e é onde os lábios, a boca e a língua proporcionam prazer sexual ao bebê. No estágio anal, o prazer sexual está associado à eliminação de resíduos do corpo. No estágio fálico, os órgãos genitais se tornam o foco do interesse sexual de uma pessoa. Quando concluído, a pessoa entra em um estágio de latência, um período de descanso de energia sexual. A puberdade devolve o foco sexual da criança aos genitais, onde permanece até a idade adulta.

Erik Erikson também moldou significativamente o paradigma psicanalítico. Ao contrário de Freud, Erikson afirmava que o desenvolvimento cognitivo independia das necessidades de gratificação. Os estágios de desenvolvimento de Freud baseiam-se na sexualidade: os de Erikson baseiam-se em uma série de conflitos sociais que devemos dominar. Cada um de seus oito estágios representa um conflito que deve ser resolvido, cujo processo define a personalidade de cada um.

Esses oito estágios são listados e descritos resumidamente a seguir.

1. Confiança vs. Desconfiança (Criança) – a confiança é desenvolvida (ou não) principalmente por meio do pai atender às necessidades básicas da criança (alimentação, etc.)

2. Autonomia vs. Vergonha e Dúvida (Criança) – autocontrole e a autoconfiança é desenvolvida à medida que a criança aprende a fazer mais por conta própria (treinamento para usar o banheiro, alimentação etc.).

3. Iniciativa vs. Culpa (4-5) – Torna-se mais independente e assertivo. Sem sucesso, a criança desenvolve um sentimento de culpa por tudo que possa querer fazer.

4. Indústria vs. Inferioridade (6-11) – A pessoa luta com sentimentos de sucesso e fracasso.

5. Identidade vs. Confusão de papéis (adolescência)- Segundo Erikson, essa é a fase mais crucial do desenvolvimento. Os padrões formados neste estágio passam a caracterizar a maneira como a vida será conduzida no futuro. Aqui, encontra-se seu verdadeiro senso de identidade.

6. Intimidade vs. Isolamento (Jovem Adulto) – estabelecer relacionamentos íntimos e significativos é o mais importante.

7. Generatividade vs. Estagnação (Idade Média) – Aprende-se a cuidar de outra pessoa, geralmente um filho ou pai idoso. A vida adquire um significado maior ou estagna.

8. Identidade do Ego vs. Desespero (Terceira Idade)- O sucesso ou fracasso nas experiências de vida e nos relacionamentos de uma pessoa determina o resultado final dessa crise final da vida. A pessoa chega a um acordo com toda a sua vida ou lida com sentimentos de desespero.

Embora não seja compatível com uma cosmovisão bíblica, existem algumas contribuições maravilhosas para a compreensão do desenvolvimento humano feitas dentro do paradigma psicanalítico. Muitos consideram a construção dos níveis de consciência de Freud útil para explicar os comportamentos humanos. O mesmo se aplica ao seu conceito de mecanismos de defesa: respostas inconscientes que protegem a pessoa de emoções desagradáveis. Além disso, a introdução aos estágios de desenvolvimento pelos teóricos desse paradigma domina o estudo do desenvolvimento humano. Mais especificamente, a compreensão de Erikson sobre a crise de identidade de um adolescente tornou-se senso comum.

No entanto, existem complicações teológicas com este paradigma. O paradigma é naturalista. A crença em Deus ou em outros conceitos sobrenaturais é uma forma de infância, não de maturidade. Além disso, sua ênfase no passado predizendo o futuro o torna mais determinista no que diz respeito à sua perspectiva de vida. Embora o passado seja importante, a Bíblia ensina que as pessoas são libertadas de seu passado (2 Coríntios 5:17) e responsáveis ​​por seu comportamento (2 Pedro 2: 4-10). Portanto, embora essa abordagem tenha algumas qualidades redentoras, também existem problemas reais.

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